Conheça um pouco sobre a Cidade Montesa
Historia de Campo Belo
Por: Edson José.
Inicialmente e após o surgimento do Povoado de Casa do Casca do Tamanduá, as terras do hoje Município de Campo Belo pertenciam à aquela Vila que mais tarde passou a ser chamada São Bento do Tamanduá, por último, Itapecerica na Comarca do Rio das Mortes (São João Del Rey) e eram habitadas pelos índios Cataguases, da tribo Tupi, podendo esses silvícolas terem chegado à região fugindo da perseguição e da escravidão, por volta do ano 1.600. Posteriormente, já sem os Índios Cataguases, disseminados pelos portugueses e paulistas caçadores de ouro que integraram a Bandeira de Lourenço Castanho Jacques, o Velho, por volta de 1.726 estas terras dos Cataguases foram ocupadas por negros fugitivos que mais tarde se uniram aos que aqui chegaram sob a liderança de “Ambrósio Rei” na formação do Quilombo do Ambrósio, provavelmente na localidade chamada de Meia Laranja (hoje município de Cristais) e que fora parcialmente exterminado em 1743 por milícia armada que cumpria ordens da Coroa Portuguesa. Nesse episódio teriam sido mortos muitos negros, inclusive crianças, mulheres e velhos, bem como teriam destruído as casas, gado e lavouras. Ambrósio teria fugido para as terras que hoje está o Triangulo Mineiro, onde teria sido morto em 1.776. O Quilombo do Ambrósio, que em todas as terras chamadas de Campo Grande, teria contado com 15.552 negros e cerca de 2.592 casas, foi o maior, mais importante e duradouro Quilombo de Minas Gerais. Porém, assim como sobreviveram alguns Cataguases, também sobreviveram vários Negros e, de forma curiosa, passaram a conviver amistosamente, na a tentativa da sobrevivência. Os nomes das comunidades rurais de Campo Belo provavelmente têm origem nas Sesmarias e, o povo fora formado à partir dos Índios, dos Negros Angolanos da Tribos Banto e Bunto e ainda de europeus. Os Italianos começaram na região, para o serviço nas lavouras, após o fim da escravidão negra em 1.888 . Os Libaneses aqui chegaram à partir de 1.890 e se dedicaram especialmente á atividade comercial. Acredita-se que o primeiro núcleo habitacional de Campo Belo teria surgido pelas mãos dos sobreviventes do Quilombo do Ambrósio e fora erguido onde está hoje o Bairro São Benedito, que o segundo núcleo , na hoje, Praça Nossa Senhora Aparecida, no chamado “Bairro do Cruzeiro”, dali, atingiu a baixada, local onde comercializam o gado que era habitualmente roubado na Picada de Goiás, (daí o nome de FEIRA) desde àquela época. O terceiro núcleo teria crescido junto à construção da Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, provavelmente a partir de 1.774, pois, segundo documento assinado pelo Padre Vicente Lopes, que aqui viera para fazer batizados, em março de 1.773, “não havia Ermida no lugar de Campo Belo”. Portanto, a Igreja Velha Matriz não fora construída em 1.720, conforme a história oral. Catarina Maria de Jesus, conhecida como Catarina Parreira, recebeu a “Sesmaria das Águas Claras” (Águas Claras, Água Limpa e provavelmente deu origem ao nome de Aguanil), sediada na margem direita do Ribeirão do Bugre, hoje Comunidade dos Parreiras, conforme documento da Coroa Portuguesa, datado de 1.784, tendo, a Senhora Catarina, por seu conhecimento e habilidade política, além da crença Cristã Católica, participado ativamente da vida do então Povoado do Ribeirão São João (primeiro nome de Campo Belo), especialmente da continuidade da construção da Igreja do Senhor Bom Jesus do Matosinhos, trabalho para o qual, dona Catarina Parreira dispensou sua influência, seus escravos, tendo ainda, contratado Francisco Gorgônio de Meneses, discípulo do Mestre Aleijadinho, para a montagem do Altar-Mór, afrescos e colocação do sino que viera da Europa. Segundo a história oral, o nome de Campo Belo foi dado pelo Capitão-Mór Romão Fagundes do Amaral que havia recebido a Sesmaria do Campo Grande, hoje Município de Perdões, cujas terras se estendiam até onde está o Município de Cristais, e quando de sua passagem por aqui, em trabalho de inspeção de sua Sesmaria é que teria exclamado “QUE BELO CAMPO!” e, um de seus acompanhantes teria acrescentado, “QUE CAMPO BELO!”. O Arraial do Ribeirão São João fora elevado à categoria de Distrito pelo Alvará Régio de 24 de setembro de 1.818. A Lei Imperial n° 373 de 9 de outubro de 1.848 elevou o Distrito à categoria de Vila, porém, a Lei n° 472 de 31 de maio de 1.850 revogou a lei 373 e a Vila retornou à situação de Arraial. Vinte e seis anos depois, a Lei Provincial Nº 2.221 de 13 de junho de 1.876, recompôs a categoria de Vila, aí já com o nome de Campo Belo, porém, a falta de entendimentos para a definição dos nomes que comporiam a Câmara, adiou em três anos o processo que somente, com a posse da 1ª Câmara de Vereadores (Intendência) presidida pelo Agente Administrativo, Francisco Rodrigues Neves(Comendador), a Vila foi finalmente implantada, em 28 de setembro de 1.879, sendo que passava a integrar à Freguesia do Senhor Bom Jesus de Campo Belo, o Distrito de Paz de São Sebastião do Porto dos Mendes, que fora criado pela Lei n° 1.198 de 9 de agosto de 1.864 que até então pertencia ao Município de Dores da Boa Esperança. Em 7 de Janeiro de 1.881, a Lei n° 2.661 integrava à Vila de Campo Belo, as Freguesias de Cristais, Cana Verde, Candeias e Santana do Jacaré, quando o território do Município somou 2.007Km². Apenas cinco anos depois de se tornar Vila e, graças a um eficiente trabalho do Padre Ulisses Furtado de Sousa (mais tarde, Cônego Ulisses), que ocupava o cargo de Deputado Provincial, auxiliado por um grupo de Campo–belenses, foi sancionada a Lei Provincial n° 3.196 de 23 de setembro de 1.884, pelo Presidente da Província, Olegário Herculano d’Aquino e Castro, elevando a Vila à condição de cidade. Presidia a Câmara o Sr. Modesto Moreira Ribeiro, primeiro Agente Administrativo de Campo Belo. Em 11 de janeiro de 1924 o Distrito de Cana Verde passou a pertencer ao Município de Perdões; em 17 de dezembro de 1938 Candeias se tornava independente de Campo Belo; em 1º de janeiro de 1949 Cristais, em 12 de dezembro de 1953, Santana do Jacaré, por último, em 1º de março de 1963 Aguanil, que fora Povoado e Distrito, com nome de Água Limpa, também se tornou independente de Campo Belo. A primeira comemoração em homenagem à Cidade se deu em 28 de setembro de 1.935, esta data ficou definida como o “Dia da Cidade”, era Prefeito (primeiro) de Campo Belo, o Sr. Antônio de Bastos Garcia, como Chefe do Executivo, pois, ele já ocupara o cargo de Presidente da Câmara, isto é, de Agente Administrativo de 1.927 a 1.930. Não se observou a data da Lei que elevou a Vila do Senhor Bom Jesus de Campo Belo à condição de Cidade e sim a data da Vila o que na prática deixou a cidade cinco anos mais velha. As 7( sete) primeiras Sesmarias efetivamente nas terras do hoje Município de Campo Belo, foram distribuídas entre os anos de 1.770 e 1.777. A primeira, Sesmaria do Ribeirão São, em favor de José Gomes de Aguiar e em seguida as sesmarias para Domingos Vasquez Garcia, Manoel Jorge, Tomás José de Araújo, Antonio Lemes Silva, Manoel Alves da Silva e Antonio Vilela Frasão, deste último, ainda se conserva o nome de “Frasão” numa comunidade rural e a forte indicação de que teria sido por sua influência a vinda de Catarina Parreira, em 1.784. Antonio Vilela Frasão e Catarina Parreira (que recebera a 8ª sesmaria) eram da Aplicação de Santa Cruz do Salto, hoje Congonhas, havendo indícios de uma forte ligação entre eles, anterior à morte um tanto misteriosa de José Martins Parreira, marido de Catarina, provavelmente em 1.779. Portanto, as primeiras famílias de brancos a habitar Campo Belo, teriam sido: “Amaral, Jorge, Araújo, Silva, Alves, Vilela, Gomes, Garcia, Frasão, Domingos e Parreira”. Hoje, com 531 Km² e uma população de 49.140 mil habitantes (censo 2.000 do IBGE) o Município de Campo Belo é pólo micro regional, banhado pelo Lago de Furnas, tem clima tropical de altitude, temperatura média de 22,25°, é servido pelas Rodovias BR354, BR369 e BR381; estando à 210 km de Belo Horizonte; 410 de São Paulo; 450 do Rio de Janeiro e a 700km de Brasília. Edson José Teixeira Historiador e Redator Campo Belo, 25 de Março de 2004.
Hino a Campo Belo Versos de João Barbosa Música do Maestro Manuel L. Padilla CAMPO BELO! Cidade montesa,que branqueja no altar de uma serra, numa eterna expressão de beleza, como igual não há outra na terra: és a paz, o trabaho que ufana, do progresso no espírito novo, e em teu seio de brava serrana, vive e esplende a grandeza de um povo! Sempre forte na luta da vida soberana entre as mais no trabalho, para os bons em teu seio há guarida, para os pobres há pão e agasalho. Coro: Eis porque, laboriosa e tranqüila, desde as fábricas à escola e à charrua, o esplendor do teu nome cintila sob as bênçãos do sol e da lua! Nobre, ilustre e viril, tua raça que hoje cresce em ciclópico apuro, ainda mesmo no século que passa e no domínio terá do futuro, para, à luz da mais justa vitória, triunfal e vibrante , altaneira, proclamar entre brados de glória que és rainha da terra mineira! Hino do Centenário de Campo Belo 1879 - 1979 Letra: do Professor João Barbosa Música: do José Augusto de Carvalho CAMPO BELO - padrão altaneiro de civismo, progresso e cultura! Gleba farta do solo mineiro, que a Pátria o porvir assegura! Todos nós, filhos teus, comovidos, neste verde e florente cenário, vimos juntos, alegres unidos, celebrar teu feliz centenário! ESTRIBILHO: Ao clarão dessa pira de glória, que ilumina teu cetro viril, escreveste cem anos de História, neste verde rincão do BRASIL! CAMPO BELO - Cidade sucesso!... Molde e exemplo das mais, sem vaidade... Oficina primaz do progresso, forja e templo de brasilidade!... II Festejar CATARINA PARREIRA que, sem medo dos índios à guerra, nesta plaga erigiu, sobremaneira, a Morada de CRISTO, na terra! Nem nascera ISABEL a clemente, quando, aqui, neste passo de bravos, nosso ínclito PADRE VICENTE libertou seus humildes escravos! III Policeno Galdino e Licério, com bravura, altruísmo e hombridade, apagaram resquícios do Império, sustentando os brasões da cidade! E é por esse passado lendário que nós vemos, com garbo e emoção, exornar teu endão centenário a nobreza de um povo cristão! Veneremos obreiros e artífices do evolver desta terra querida, dentre os quais nosso Cônego Ulisses, que por ela empenhou sua vida, numa heróica e constante peleja, que o rosário ao civismo conduz, para glória suprema da Igreja,pela excelsa verdade da Cruz!